terça-feira, 21 de junho de 2011

O COMBATE AO BULLYING E A FUNÇÃO SÓCIO-EDUCATIVA DA FAMÍLIA/ESCOLA



Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. [...]

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

Carlos Drummond de Andrade


Após o massacre do Realengo, ocorrido no dia sete de abril de 2011, na cidade do Rio de Janeiro, educadores, grupos gestores e demais sujeitos envolvidos na prática educativa perceberam a premente necessidade de se discutir um tipo de violência que vem sendo mascarada como “meras brincadeiras pueris” e que tem acabado com sonhos, vidas, expectativas: o bullying, termo inglês usado para designar qualquer tipo de agressão intencional, repetitiva e sem motivação evidente/justificável que ocorra em ambientes onde existam relações interpessoais.

Nesse contexto, sabendo-se que educar para a convivência tem sido uma das muitas tarefas árduas da educação, é mister desenvolver na escola uma cultura de paz, baseada na justiça e em ideais de cidadania, criando-se ações antibullying e de intervenções positivas, visto que as mudanças da realidade perpassam pela educação, pelo conhecimento. A cada dia fica mais patente o quanto a família é indispensável na formação moral das crianças e adolescentes. São essas duas instituições – escola e família – que, unidas e trabalhando em cooperação, poderão construir a tão sonhada sociedade equitativa e harmônica.

Pais, educadores e escolas necessitam ampliar os conhecimentos sobre o assunto a fim de se delinear estratégias de ação eficazes e significativas, capazes de obliterar o bullying. A família tem papel importante no combate ao problema. Segundo pesquisas existentes, o comportamento violento e agressivo que um aluno apresenta na escola, provocando sofrimento, dor e angústia a muitos outros de forma oculta ou não, tem sua origem, dentre outros múltiplos fatores, no modelo educacional que acontece no ambiente familiar. Como destaca Cléo Fante (2005, p. 174) “é no ambiente familiar que a criança aprende ou deveria aprender a relacionar-se com as pessoas, respeitar e valorizar as diferenças individuais, desenvolver a empatia e adotar métodos não-violentos”. Logo, o tipo de relacionamento existente entre pais e filhos tanto pode agravar como impedir o desenvolvimento de atitudes violentas: filhos de pais atuantes tendem a ter menos problemas; por outro lado, os filhos que são orientados por modelos de identificação negativa tenderão a apresentar comportamentos violentos e agressivos.

A escola deve ser um ambiente de prazer, alegria, aprendizado e satisfação, e não de dor e sofrimento. É dever de todos, especialmente dos educadores, encontrar soluções que visem à prevenção do bullying e à intervenção nesse fenômeno, a fim de conter sua disseminação (Fante, 2005, p. 44). A responsabilidade da direção da escola em controlar o bullying é evidente (Calhau, 2010, p. 41). Quando se combate o bullying escolar, combate-se, também, a futura criminalidade, trabalha-se pela construção de uma sociedade mais justa e democrática (Calhau, 2010, p. 125).

Combater esse terrível fenômeno social é, portanto, um empreendimento coletivo, que exige ações conjuntas de instituições importantes dentro da sociedade. Escola e família necessitam caminhar de mãos dadas no seguinte compromisso: erradicar o bullying e garantir a existência de vidas alegres.


Osvaldo Alves de Jesus Júnior[1]
 
REFERÊNCIAS

CALHAU, Lélio Braga. Bullying: o que você precisa saber: identificação, prevenção e repressão. Niterói: Impetus, 2010.

 FANTE, Cléo. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas: Verus, 2005.






[1] Licenciando em Letras Vernáculas – Língua Portuguesa e respectivas literaturas – pela UNEB/Universidade do Estado da Bahia, DCHT XXII, Euclides da Cunha, ex-professor da Rede Estadual de Ensino do município de Tucano/BA, Guarda Municipal e autor do projeto pioneiro de combate ao bullying em Tucano, intitulado CEGP no combate ao bullying: erradicando a violência, promovendo a paz e a justiça e educando para a cidadania. Vamos abraçar esta idéia?. Atualmente desenvolve campanhas antibullying em instituições escolares via oficinas pedagógicas. ENDEREÇO ELETRÔNICO: osvaldointelectual@hotmail.com. TEL: (075) 3272 1347/1923 – CEL: (075) 9146 2704/9830 4198

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